O ginecologista e obstetra do Hospital Saint Hill de Caçador, Dr. Márcio Aurélio Pinha, destaca os principais pontos da endometriose.
Considerada uma doença grave, poucas mulheres conhecem os sinais da endometriose. Por isso, a importância de alertar as pacientes sobre os sintomas e as consequências que a patologia pode trazer, por exemplo, a infertilidade. O ginecologista e obstetra do Hospital Saint Hill de Caçador, Dr. Márcio Aurélio Pinha, destaca os principais pontos da endometriose.
A endometriose, por definição, é a presença do endométrio (camada que reveste a cavidade uterina) fora do útero. O local de aparecimento mais comum é na pelve, porém existem casos mais raros de endometriose em outras partes do corpo, como músculos e pulmões. “Ela acomete cerca de 10% a 20% da população feminina em idade reprodutiva. A origem ainda é uma incógnita, sendo o refluxo do sangue menstrual pelas trompas a mais aceita. Esta teoria explicaria a maior parte das lesões, porém não poderia ser a causa de endometriose muscular ou pulmonar. Para esses outros focos acredita-se que hajam fatores embriológicos e imunológicos”, afirma o Dr. Márcio.
Os sintomas das pacientes são variáveis, podendo a mulher ser assintomática, apresentar apenas queixa de infertilidade, apresentar dor pélvica crônica, dor à atividade sexual, cólicas menstruais cada vez mais intensas e limitantes como sintomas mais frequentes. “Habitualmente as pacientes com endometriose apresentam sintomas relacionados à depressão por conta dos longos períodos de sofrimento a que estão submetidas, tendo inclusive problemas de relacionamento com seus parceiros (estudos clínicos citam a depressão em cerca de 92% das pacientes com endometriose). Possui uma classificação de intensidade que varia de grau 1 até o grau 4 (1- mínima, 2 – leve, 3 – moderada e 4 – severa). Mais de 50% das pacientes são diagnosticadas nos graus 3 e 4 devido ao fato de terem seu diagnóstico atrasado em até 10 anos segundo estatísticas, o que faz com que os sintomas se agravem ao longo do tempo”, afirma.
O Dr. Afirma que o diagnóstico de endometriose sempre deve iniciar-se por uma avaliação clínica/ginecológica com anamnese e exame físico seguidos de exames complementares laboratoriais e de imagem específicos para essa patologia. “Apesar de não serem 100% efetivos, podem nos dar um direcionamento importante na investigação da patologia. O diagnóstico final só́ é dado por meio de uma videolaparoscopia, sendo que neste mesmo procedimento já́ se realiza o tratamento das lesões. A complexidade do procedimento depende muito do grau de acometimento das lesões, sendo que nas situações mais graves, com comprometimento intestinal ou de aparelho urinário, a presença de urologistas e cirurgiões de aparelho digestivo na equipe pode ser necessária”, enfatiza.
O tratamento da endometriose pode ser somente clínico nos estágios iniciais, sempre acompanhando a efetividade, e nos casos onde não se consegue o controle dos sintomas, indica-se a cirurgia (laparoscopia). “Nos casos mais graves ou com lesões que indiquem necessidade cirúrgica, a laparoscopia é prontamente indicada. Atualmente a combinação dos tratamentos clínico e cirúrgico tem sido considerada como a melhor possibilidade de auxílio no controle da endometriose. Estatísticas revelam melhoras importantes dos sintomas em mais de 80% das pacientes após o tratamento, porém a manutenção do tratamento clínico é necessária, pois o índice de recidiva das lesões é alto caso não realizado”, destaca.
Porém, esse processo de tratamento muda quando se fala em infertilidade. “Nestas situações, avalia-se a necessidade de laparoscopia já́ no início, pois os tratamentos clínicos de endometriose acabam por atuarem como anticoncepcionais, não sendo viáveis nesse momento. Após a laparoscopia, há um aumento da possibilidade de se conseguir a gestação de maneira espontânea, mas mesmo assim, em alguns casos, é necessária à fertilização in vitro”, afirma.
“O mais importante é saber que existe sim possibilidade de auxílio nesta patologia, e que, com uma equipe multidisciplinar, pode-se propiciar melhora na qualidade de vida da paciente”, finaliza o ginecologista e obstetra do Hospital Saint Hill, Dr. Márcio Aurélio Pinha.
Fonte: Jornal Extra SC